Hoje faço 50 anos e vou dividir com vocês algumas coisas para que vocês me conheçam um pouco melhor.
Fazer aniversário não é ficar mais velho, mas sim ficar pronto para o novo e para aquilo que está por vir neste próximo ano.
Eu posso dizer que estou pronto. Cada vez mais.
Aos 50 me permito mudar o que não faz bem, o que não quero para mim e viver o que acontece agora com a maior intensidade possível. Repetir por 50 vezes, nos faz mais experientes e exigentes. E temos, a cada ano, mais a obrigação de acertar. Até porque as chances vão diminuindo.
Eu me preparei para este aniversário de 50 anos.
Parei de fumar.
Não tomo mais Rivotril.
Cuido cada vez mais da minha saúde física, mental e do ambiente em que vivo.
Amo a minha mulher Juliana cada dia mais.
Não troco nada pelo meu tempo com o Samuel.
Me livrei de todos os vínculos com as coisas e as pessoas.
Me sinto leve, feliz e pronto para viver somente aquilo que me faz sentido e que seja espontâneo.
Estou livre de preconceitos e amarras.
É isto. E vou me aprofundar um pouco mais neste ser para vocês perceberem o que me tornei.
Tive que conviver com perdas desde cedo e aprendi a não ter problemas com isso. Perdeu? Faz de novo. Não gostou deste caminho? Usa um outro. E por aí vai…
Do que eu gosto?
Gostava de ouvir o som da minha Boxer Brooke tomando água de madrugada. Hoje a nossa preta-vira Snow cumpre este papel.
Gosto de ouvir os suspiros do Samuel enquanto dorme na minha cama.
Gosto de comer uma caixa de Bis antes de dormir. Não sei parar um pacote de bolacha no meio. Quem foi criado em casa com muitos irmãos aprende a comer quando tem. Porque a gente nunca sabe quando vai ter de novo.
Gosto de conversar com pessoas inteligentes.
Gosto de livros. Apesar de não ler tanto quanto precisaria. Mas eu os compro e os guardo para um tempo livre. Tenho tido bastante ultimamente.
Gosto de acompanhar a vida das pessoas que gosto e admiro pelas mídias sociais. Isto é contemporaneidade. Nunca fomos tão próximos uns dos outros. Nunca soubemos tanto do outro. Não fale mal de celular, Instagram, Facebook, Snapchat para mim. Não cola! Sou a favor da vida digital. Nunca tivemos tanto acesso a todos os tipos de informações. E a curadoria é somente nossa.
Gosto de cozinhar. Faço quase qualquer prato. Do meu jeito. Sempre com muito alho-poró, cebola e geléia de pimenta.
Gosto de receber os amigos. Aqueles que quiserem ser recebidos.
Gosto de beber vinho branco. A Juliana não bebe uma gota. E não gosto de beber sozinho. Portanto… Dancei.
Gosto de viajar. Ainda vou viajar mais.
Gosto de contar Histórias. Minhas e dos outros.
Gosto da gargalhada do Sammy.
Gostava do olhar apaixonado da Antonia. Mas este olhar não é mais meu. Sendo da família ou não, ninguém deve ser obrigado a conviver com quem não quer.
Gosto de arte contemporânea e de seus criadores. De um jeito ou de outro entendo eles.
O que me faz feliz? Não sei. Sei que sou feliz! Aprendi a ser feliz.
Sei que o dia mais feliz da minha vida, foi o dia do meu casamento. Lá, naquele dia, pela primeira vez na vida, eu relaxei e me entreguei.
Sou um cara de palavra.
Sou mais jovem hoje do que ontem.
Sou mal humorado. Mas sei rir de mim.
Sou um amigo fiel, apesar de ter experimentado a traição de amigos.
Sou vingativo não ativo.
Sou um cara que acredito que posso ser qualquer coisa, desde que eu queira. E tenho exercido isso.
Sou um cara que não liga para dinheiro, nem para o meu, nem para o dos outros. Quero dinheiro somente para viver a vida que eu levo.
Meus “nãos” ?
Sei que não são poucos!
Mas esses, não conto. Só para ter não!
Abracei o Lula, quando ele era sindicalista.
Estive com o caixão do Tancredo Neves dentro de um Urutu.
Fui preso, por indisciplina, quando militar. Óbvio.
Viajei com a Gisele Bündchen para a Toscana.
Abracei o Pelé.
Saltei de Pára-quedas algumas vezes.
Pratiquei boxe amador.
Bati carro por tantas vezes, que hoje perdi a conta.
Fiz duas plásticas no rosto. Uma por causa de acidente, outra porque apanhei muito de um irmão de uma então garota.
Tive duas mães: uma natural e outra que me criou.
Plantei árvores.
Namorei quase todas as mulheres que quis.
Marquei audiência com o Papa e não fui. Dei o cano no cânone!
Tenho oito irmãos, vivos e sãos.
Sobrevivi a assalto com arma na cabeça. O tiro não saiu. Eu sim. E tremi… Tiveram outros assaltos, de todos saí ileso, meus relógios e carteiras, nem tanto.
Conheci artistas e putas. São quase a mesma coisa. Dão muito prazer.
Fui mordido por escorpião.
Fuji, nadando muito rápido, de peixes palhaços em Puquet, na Tailândia.
Dei um mergulho na Grota Azzura. Tal como Tibério fazia no Império Romano.
Vi um vulcão em erupção a poucos metros de mim nos mares do Caribe.
Ainda não vi a aurora boreal. Na semana que vem vou ao fim do Mundo austral. Preciso ver o que tem lá.
Preciso ainda publicar o livro do Dragão Xerapum.
Ainda preciso emagrecer 15 quilos. Mas isso vai ficar para depois deste aniversário. Quem sabe a gente comemore junto no próximo ano.
Vou viver um dia de cada vez. Vai que eu morro hoje, amanhã ou qualquer dia destes.
Vida longa aos bons,
Zé Mangini
Zé que tive o prazer de conhecer, de conviver e infelizmente não soube conviver mais e melhor, e Zé que um dia pretendo sentar e tomar um bom vinho no futuro. Só não posso concordar com uma coisa, pelo menos na época em que convivemos muito, é o Zé mal humorado. Só espero não ter contribuído com isso.
Abração.
Rapha
Rapha, querido. Adorei a sua manifestação! e fique tranquilo que nossa amizade sempre será intensa, independentemente da distância e rumos tomados. Vamos beber quantos vinhos tiverem em nossas adegas. E o mal humor a vida que trouxe, ninguém em particular. Grande abraço e saudades.