Foto: Londres
Voltei das minhas férias. Tinha esquecido o quanto dava trabalho tirar férias, mas também o quanto é recompensador. Foram 20 dias, observando, caminhando, vendo a arquitetura, pessoas e seus hábitos, tirando fotos que não ficaram tão boas quanto eu queria e, claro, como não sou de ferro, visitando inúmeros Pubs para apreciar uma infinidade de cervejas e cidras locais. Passamos por Reading, Liverpool, Derby, Cardiff e Londres. Minha atual preferência de planejamento de viagem é me fixar em um local e visitar regiões mais próximas, pois assim conheço melhor cada lugar e sem pressa.
Conforme o tamanho e região das cidades, o dia-a-dia, o caminhar das pessoas, suas ruas e o clima, mudam. Fiz uma pequena descrição do meu olhar sob as cidades que passamos:
Londres, se mistura entre a quantidade de idiomas, moradores locais sempre com pressa, turistas pulando na frente de monumentos no meio da rua só para tirar uma foto. Cheia de vida, mesmo que caótica, vale muito, mas muito a pena visitar. Como estava hospedada em Reading, que fica a 30 minutos de distância se considerar o transporte via trem rápido, optamos por comprar um passe válido para 1 semana, que incluía: passagem de trem (ida e volta Reading-Londres), ônibus (Reading e Londres) e metrô de Londres em todas as zonas, embora neste caso só houvesse esta opção, acabamos circulando apenas pela zona 1. Pagamos £130 por pessoa, mais £10 para fotos instantâneas, pois tivemos que fazer uma carteirinha. É um transporte caro, mas ainda assim o passe de uma semana sai mais em conta.
Visitamos vários museus: Natural History Museum, Science Museum, British Museum e o Victoria and Albert Museum, este último definitivamente tocou meu coração e por isso, acabamos indo dois dias seguidos. A arquitetura e acervo são magníficos e como ele é muito grande merece uma visita com mais calma; além disso, foi o museu mais silêncioso que já fui em toda a minha vida, o que torna a sua atmosfera única.
Foto: Victoria and Albert Museum
Um dos meus passeios preferidos em Londres é caminhar calmamente em Portobello Market, em Notting Hill. Visitei o local na primeira vez em que estive na cidade, mas nesta viagem optei por fazê-lo na sexta-feira e foi uma ótima escolha, pois além de todo o comércio estar funcionando, é muito mais vazio do que no sábado.
Foto: Portobello Market
Também fomos ao mercado de Camden e confesso que tinha uma expectativa alta, mas não achei tão bacana. Talvez porque na minha imaginação fosse um lugar mais nostálgico; porém, na minha percepção, me pareceu mais um lugar cheio de bugigangas. Não sei se foi preguiça da minha parte de me embrenhar pelas ruas, mas visualmente não me agradou. As barracas de comida pareciam bem bacanas, mas acabamos optando por comer algo um pouco mais saudável, no Itsu, uma rede de comida japonesa, com preços bem em conta.
Enfim, vale a pena ir para Camden pelo menos uma vez se você, é claro, tiver tempo de sobra.
Em um sábado de sol, perto da London Eye, fomos em um local aberto com mesas ao ar livre e experimentamos a bebida que os locais costumam tomar no verão: o Pimm’s; uma bebida destilada à base de gim, mas bem suave, que leva frutas e ervas, misturada com refrigerante de limão, menta, pepino e bastante gelo. Também comemos no Real Food Market que funciona de sexta a domingo. No final do dia fechamos a noite em um Pub irlandês, cujo nome não lembro, para assistir à luta de boxe entre o britânico Anthony Joshua e o ucraniano Wladimir Klitschko. O lugar estava lotado, e quase veio abaixo com a vitória de Joshua. Deu para sentir bem a paixão dos ingleses pelo esporte.
Reading é uma cidade bem típica do interior da inglaterra, bem menor do que Londres mas não menos interessante. Forrada de casinhas muito parecidas, parece uma cidade de brinquedo. Muitos moradores colocam nomes em suas casas, com brasões de ferro ou placas nas portas. Nosso amigo local nos explicou que dependendo do nome que levam chegam até a valorizar a propriedade.
Foto: Spencers Wood – Reading
Não tem muita gente pelas ruas e o comércio no centro da cidade fecha às 17:00. Fiquei impressionada com a quantidade de crianças na região, as famílias tinham em média 3 filhos cada. Para ir ao centro de ônibus saindo de Spencers Wood, o bairro que ficamos, havia apenas 5 horários como opção e, mas na maioria das vezes, eram bem pontuais.
Tivemos a oportunidade de ir a dois eventos bem bacanas que aconteceram na cidade: o primeiro foi, o Reading Beer & Cider Festival, um festival anual de cerveja e cidra que reúne produtores locais com mais de 550 variedades de cerveja e 200 de cidra. O ingresso custava £7 e dava direito a levar um copo comemorativo do evento e também, claro, usá-lo no local. O clima é totalmente familiar, uma enorme tenda branca com mesas grandes de madeira e um espaço ao ar livre com muita gente espalhada pelo gramado. O evento também tinha atrações musicais e atividades para crianças.
Foto: Reading Beer & Cider Festival
Acabamos não ficando muito tempo por lá, pelo menos não o quanto eu gostaria, porque no mesmo dia tinha um show do Ali MacKenzie do The Birds no The Crown, um pub local. Aliás, um pub incrível, perdido no meio do nada, que conhecemos através do nosso amigo morador. Mais uma festa família onde cada um que chegava e sentava-se em uma mesa e era cumprimentado pessoalmente pelo Ali.
Liverpool é uma cidade incrível, pessoalmente foi muito emocionante. Tinha tirado a cidade dos meus planos por ser muito distante de Reading, mas de última hora nosso amigo teve que ir trabalhar em Derby, que fica no meio do caminho, então aproveitamos a carona.
Chegamos tarde na cidade, por volta das 23:00, mas conseguimos pegar um Uber para o hotel, chegando lá acabamos desistindo porque o local mais parecia a locação do filme O Albergue! O motorista então resolveu nos levar ao melhor hotel da cidade, o Titanic, um espetáculo, mas que não cabia no nosso bolso!
Foto: Hotel Titanic
No final ficamos em um hotel no centro, o The Podworks, bem localizado e muito honesto. Pagamos £60 por dois dias.
Foto: The Podworks Hotel
No geral fomos recebidos muito bem, fora pela dona do Pub que nos colocou praticamente para fora por volta das 22:00 hrs por que queria fechar, mas isso não foi um problema já que um dos frequentadores espontaneamente acabou nos guiando para um outro pub o Mc Cooley’s que ficava aberto até tarde. O berço dos Beatles é para caminhar sem destino, por suas ruas de pedra e cantos inusitados. A cidade tem uma beleza melancólica, a mais gelada de todas que visitei, mas só na temperatura. Nossa estadia teve direito a almoço no restaurante Italiano Amália, visita ao The Beatles Story e o The Cavern Club, este super turístico mas mesmo assim vale a visita.
Foto: Liverpool
Na volta tivemos que passar um dia em Derby. O único lugar, ao meu ver, que valeu visitar por lá foi o pub Bell & Castle. Muito bonito, simpático e com um cardápio de hambúrgueres inusitado e sensacional.
Cardiff foi a única cidade que conseguimos visitar no País de Gales. Tivemos a sorte de ir em um sábado ensolarado. O primeiro destino foi o Cardiff Castle, ou Castell Caerdydd em galês, língua local. Localizado bem no centro da cidade, o castelo tem dois mil anos de História, que começa desde a década 50 d.c, passa pela invasão dos normandos, na mão de várias famílias nobres, até 1945, quando foi doado para a cidade. Seu interior é composto de cômodos luxuosos e o exterior parece até um conto de fadas. Estivemos também nos túneis dentro da muralha que serviram como abrigos antiaéreos durante a segunda guerra mundial chegando a proteger cerca de 1.800 pessoas, mas esta parte do passeio achei um pouco sombria.
Foto: Cardiff Castle
Os pubs, cafés e restaurantes estavam com as mesas das calçadas lotadas, um clima bem de verão, apesar da temperatura não corresponder tanto assim. Tomamos uma pint no The Corner House, muito simpático e depois almoçamos no The Gatekeeper; o lugar não é muito bonito mas a comida é ótima e não custa tanto.
Enfim, voltei, diferente, pois toda vez que convivo com outras culturas, sinto minha mente se abrir, e isso é um combustível que me move e me transforma, me faz sonhar e também realizar. Volto com muita energia e com a bagagem cheia de Histórias.
E você qual é sua História? Conta pra gente, conta para todo mundo!