A decisão de ter filhos, no meu entender, é uma ato de puro egoísmo. Sim, aquele substantivo masculino que nomeia um amor próprio excessivo. Um, dois, três ou oito filhos. Tanto faz. Antigamente os casais tinham filhos para poder ter mão de obra para arar as terras. Mais antigamente ainda, a prole era uma conseqüência natural das relações sexuais dos casais. Quem pensava no indivíduo que nasceria, cresceria e se tornaria um adulto?
Muitas pessoas dizem que criam os filhos para o Mundo. Eu sempre discordei. A gente tem filhos para satisfazer os nossos desejos, para suprir nossas carências, para nos projetar neles ou para garantir, de alguma forma, a instituição familiar imposta pela sociedade. Quem sabe uma continuidade. Questões ideológicas ou religiosas. Uma coisa é fato: quando decidimos ter filhos pensamos primeiramente em nossas necessidades e desejos. Daí o egoísmo.
Tive a minha primeira filha, que ontem (dia 08 de agosto), fez 19 anos, para poder amar plenamente alguém. Sim, foi um ato de puro egoísmo que funcionou. Racional. Pensado. Uma necessidade para poder continuar a viver. Foi com o nascimento dela que conheci o amor como posso definir hoje. Foi devido a existência dela, que pude amar as pessoas à minha volta. Amar meus irmãos, amar meus pais, amar minha família, amar a minha mulher, amar, amar, amar.
Meu segundo filho, Samuel, veio depois do meu único casamento e o íntimo desejo egoísta era experimentar a instituição da “família feliz”. E deu certo! Gostei desta experiência. O egoísmo trabalhando a favor de todos.
Somos egoístas por essência. E devemos ser, pelo menos até cruzar com o “egoísmo” do outro. E temos que respeitar estes egoísmos, pois cada um tem as suas razões para tomar as suas atitudes e é exatamente assim que nos fazemos ricos e diferentes uns dos outros. Diversidade. O Outro. Mas veja bem, egoísmo não quer dizer, falta de caráter, desonestidade, mentira e outros tantos adjetivos. Egoísmo somente quer dizer egoísmo.
E o que isto tem a ver com o Dia dos Pais? Tudo! Porque depois do nascimento dos filhos, e somente depois, começamos a relação com estes objetos do egoísmo. E o mais louco é que esta relação deve ser verdadeira, pura e nada egoísta. Se não, ela deixa de existir. Depois que os filhos nascem, percebemos que o tal ato egoísta se desfaz por completo e a última pessoa em quem você vai pensar será em você mesmo. Já os filhos, herdam o egoísmo. Até quem sabe terem os seus próprios filhos.
Vai entender, né?
Um feliz Dia dos Pais, pra todo mundo. Para as Mães, para as Tias, para os Avós, para os Padrinhos, para todas as Famílias de todos os jeitos. Que seja um Dia feliz!
Abraços, Zé Mangini