Daqui a pouco já é o Natal. O comércio precisa faturar, correto? Será que esse ano vai bombar? Ou vai ser o Natal da crise?
O Natal é o feriado que menos gosto do ano. Tenho os meus porquês. A cidade parece que gira mais rápido, as pessoas estão com mais pressa do que o normal porque tem milhões de tarefas a cumprir, a começar pelos detalhes da ceia, cardápio, presentes, férias coletivas, se viaja, se fica, com quem fica, quem vem, onde vai passar o ano novo, com quem, quem vai, a festa da “firma”, o amigo secreto, os almoços de departamento, as reuniões dos amigos da faculdade, enfeitar a casa, enfim, parece que não sobra um dia sem um compromisso ligado ao assunto. Um ritmo caótico demais, as pessoas não parecem tranquilas porque paira no ar um sentido de urgência, um gatilho disparado ao avistar a primeira pilha de Panetones no supermercado, que este ano já estavam lá mais cedo do que nunca.
Comigo não é diferente, o problema é que fico bem estressada! Por que não poderia ser mais simples? Por que as pessoas não ficam menos estressadas? Entendo a importância que o Natal tem para muitas pessoas, e como é inevitável, acabo embarcando nessa. Minha maneira de encarar este suplício é com muito planejamento e concentração em tudo que eu tenho que fazer, adiantando o máximo as tarefas, afim de poupar a minha paciência, um mantra que venho aprimorando com o passar dos anos.
Desde que me entendo por gente, Natal na minha casa é uma festa especial, e para uma família de italianos, uma festa especial vem acompanhada de uma comida especial. Lembro que a melhor parte era ir para cozinha dias antes para preparar receitas deliciosas e muito esperadas, que saiam do papel só uma vez por ano.
No Natal de 2013 resolvi inovar e decidi fazer panetones (algo que nunca tinha feito) para dar de presente pra família e para os amigos. Lá fui eu atrás de uma receita na internet. Tenho essa mania pego um pouco de cada receita e monto uma. O problema é que em nenhuma delas consegui encontrar qual era a quantidade final, mas não achei que isso seria um problema. E toca ir no mercado comprar fermento biológico, cerejas, chocolate, e no Bondinho, na Av. Pompéia, a essência e a forma de Panetone.
Comecei o preparo por volta das 21:00, quando vi estava sozinha em casa com uma quantidade de massa sem precedentes nas minhas mãos que parecia não parar de crescer. Eu já nem tinha mais forças para misturar a massa, mas como já estava ali, segui em frente. Lá pela terceira fornada abri todas as portas e janelas porque não aguentava mais sentir o cheiro do Panetone. Fora isso como o meu forno é pequeno, só cabiam 2 formas de cada vez e para completar, cada fornada levava cerca de 45 minutos. Depois de horas, lá estava eu, morrendo de medo de pegar no sono com o forno ligado. Conclusão: a brincadeira terminou com o Sol nascendo, eu exausta e aquela essência impregnada na minha alma. Eu tinha a sensação que aquele cheiro nunca mais iria sair da minha casa. No final, tudo bem gostoso e muito bonito, mas depois dessa experiência única, para não dizer traumática, cada vez que alguém abria um Panetone na minha frente, eu, imediatamente, ficava enjoada. Confesso que por uns dois anos fiquei sem poder nem chegar perto de Panetones. Às vezes me sinto tentada em preparar outro mimo comestível, mas logo me lembro dessa epopéia e decido deixar pra lá. Mas isto foi em 2013. E este ano? Acho que eu vou dar só um beijo no pessoal. Também é um jeito de não entrar na paranóia do Natal.