Esta semana entro em férias, após longos 6 anos de espera. Isso faz parte da vida de quem é PJ, férias a gente só tira quando dá e geralmente não dá.
Confesso que tinha esquecido o trabalho que dá tirar férias. Além de organizar toda a viagem, passagens, estadia, roteiros, moeda local, documentos ter de planejar o andamento do trabalho na sua ausência, como deixar textos e postagens programadas, deixar aviso de férias nas 5 contas de e-mail ativas, avisar clientes e fornecedores, tem toda a organização da casa, quem fica com o cachorro, os serviços que serão desligados. São tantas coisas para fazer, que 30 dias de planejamento e execução parecem pouco. E a maior neura de todas, será que estou esquecendo alguma coisa?
Com tanto medo de esquecer alguma coisa, surgem listas incontáveis, em lugares diferentes, porque você anota tudo que lembra no primeiro lugar que vê; até porque, sou mesmo a louca das listas.
Aí você percebe que sua cabeça está pifando, porque 6 anos sem férias, ninguém merece, porque se a cabeça e o corpo não param, você não produz e se você não produz, não tem recursos para tirar férias e assim a roda gira. E fica fácil entender que trabalhamos para tirar férias, e tiramos férias por causa do trabalho. Mas nem vou entrar no mérito nesse texto.
Já reparou em uma coisa? Sempre que você viaja, muita coisa muda para você, no seu olhar, no seu sentimento e na sua percepção. E nada muda para quem fica. Você volta e as coisas e pessoas estão aonde estavam antes de você ir. Parece que o tempo pára para aquilo que você deixou. E o tempo voa para quem foi, com muito aprendizado na mala. Viajando, ganhamos tempo na vida.
A comoção é tanta com as minhas férias, porque quando falo de férias, é de verdade, sem ver e-mail nem levar computador. Esses dias até comentaram, “nossa você tem coragem de ir sem seu computador?” É claro que sim, senão tenho certeza que vou trabalhar, e objetivo não é esse de forma alguma.
Vou levar meu celular, mas não para ficar postando um monte de coisas, e nem ficar falando com as pessoas a distância. Quero curtir e estar de verdade por lá, já que não sei quanto tempo vai levar para eu atravessar o Atlântico novamente.
Bom, tudo isso para dizer o quanto é importante desligar, curtir, fotografar, ouvir outras línguas, se possível outras músicas e claro conviver e conhecer outras culturas. Caminhar sem pressa, olhar ao redor, cada cantinho, cada esquina, sentir os cheiros e não ter hora para nada. Toda vez que viajo, sinto que mudo um pouco, vejo que o mundo não é só o meu cantinho, e a pequena sociedade que me relaciono. Conheço pessoas, escuto Histórias de vida e vejo novos hábitos. Volto renovada, morrendo de saudade dos meus travesseiros e do meu cão, mas com a certeza que de alguma forma faço parte de algo muito maior.
Vou flanar um pouquinho e já volto, prometo depois que conto como foi.
Bjs
Ana
Ana Barbieri
Foto tirada em Barcelona há seis anos, nas minhas últimas férias.