Nasci aqui em São Paulo, no Hospital São Luiz. Sempre morei aqui, a não ser por um ano que morei em Marília quando meus pais estavam se separando. Eu tinha uns 8 anos. Eu sou uma pessoa acelerada. Faço cinqüenta coisas ao mesmo tempo. Hoje em dia um pouco menos, mas a cidade comporta isso. Eu gosto de morar aqui. Já morei em vários bairros. Cresci em Perdizes, morei no Morumbi, nos Jardins, na Rua Haddock Lobo e, agora aqui na Joaquim Antunes. Eu sempre quis morar nesta rua e coloquei a minha intenção nisto. Tudo que eu sempre desejei na minha vida, acontece. Eu acredito muito nisto. Sempre gostei da energia desta rua, é arborizada, uma delícia. Eu amo acordar com o som dos Bem-te-vis.
Há dois anos, descobri que eu tenho um problema de saúde. Nada maligno, e estou acompanhando porque precisarei fazer uma cirurgia bem grande. Tomei um susto. E eu percebi que a minha profissão era linda mas que a vida estressada de decoração, obras, tinha uma energia que não era boa, principalmente com a mão de obra que a gente tem no Brasil, o cliente chegava na hora de decorar, vindo de uma obra, completamente estressado com a situação. E eu trazia esta energia para dentro de casa.
Aí eu percebi que eu precisava mudar a minha vida. Eu já fazia yoga há muitos anos, uns 14. Fazia parte da minha rotina porque eu sou uma pessoa acelerada, sempre fui muito ansiosa e a yoga me fazia aterrar. Me ensinou a respirar, me ensinou a ser mais calma, mais focada e percebi que com a yoga as coisas fluíam. No mês que eu descobri este problema de saúde, fui fazer um retiro na Chapada dos Veadeiros. Me enfiei no meio do mato, no antigo lugar do Osho, sem telefone e luz. O lugar mais maravilhoso que eu já fui e volto todos os anos. Lá eu me reconectei com duas amigas, professoras de yoga, e uma delas me levou para o João de Deus. Eu já queria ir e acabei indo com ela. O João de Deus tem uma corrente de orações e ali aconteceram muitas coisas dentro de mim. Quando saímos desta corrente, minha amiga falou: – “já sei o que a gente vai fazer com aquela sala lá nos fundos da sua casa. Eu ouvi na corrente de oração que a gente vai fazer uma sala de yoga com a porta amarela”. Eu topei na hora. Ela ia começar a dar aula aqui e eu comecei a fazer uma formação para o meu conhecimento, para entender mais, não para dar aula. Aí fiz a formação com uma professora de fora. E durante esta formação eu estava folheando uma revista e vejo uma mulher pendurada no tecido. Eu acho lindo circo. Fui bailarina quando mais nova. Fiz esgrima. E fiquei fascinada por estes movimentos. Descobri uma pessoa em Sorocaba e fiz uma especialização. Depois fiz outra no Sul. Comecei a estudar e ler um monte.
Eu comecei a pensar em dar aula no tecido. Aí eu montei este espaço e em paralelo eu fui diminuindo as minhas obras, meus clientes. Comecei devagarzinho, com a minhas amigas, para eu ganhar experiência em dar aulas. E aí começou a fluir, começou a vir naturalmente. Agora estou fazendo uma segunda formação para agregar mais conhecimento. Antes eu me perguntava: O que eu estou acrescentando na minha vida? Para o Mundo? E, para as pessoas? Eu não queria mais aquilo para mim. E fluiu. Eu estou conhecendo pessoas incríveis. Eu dou as minhas aulas todos os dias. E todas as aulas que eu dou eu agradeço muito, muito. Eu sou daquelas pessoas que não programa o dia seguinte e mesmo assim eu nunca penso que não vai dar, pelo contrário, eu penso sempre que vai dar. E as coisas vão fluindo na minha vida. E hoje em dia eu sou feliz porque eu recebo ao final da minha aula um sorriso, um obrigado, um “namaste” e não uma cara feia. E é esta energia que eu trago hoje para a minha casa, para os meus filos, para os meus amigos. E eu percebi que eu posso ajudar muitas pessoas. É uma troca. É este o momento da minha vida.
A yoga não é somente fazer posturas lindas e colocar o pé em cima da cabeça. Yoga é enxergar o Outro, se doar e ser um exemplo para as pessoas. As pessoas muitas vezes enxergam melhor o exemplo do que ouvem as palavras. Eu estou bem e estou no meu caminho e sei que daqui eu vou deixar coisas boas. Hoje eu estou muito mais preparada se eu tiver que encarar a minha cirurgia. E estou trazendo outras curas para o meu corpo. Eu sou uma sobrevivente, que me reinventei e que hoje eu tenho o poder de saber quem eu sou, de saber o caminho que eu estou tomando. É isso.
Imagens Still por ZÉ MANGINI.
Imagens da Carla por Renata Mozini
Para conhecer mais de Carla Azevedo e sua Casa do Budha Ateliê de Yoga:
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