A criadora do Projeto Aorta Comunitária conta a História de como uma idéia simples pode atingir toda uma comunidade inteira.
Minha mãe é produtora de orgânicos e sempre falou para a gente fazer uma horta aqui em casa, mas não bate Sol! Daí veio a idéia de fazer na rua. Meu marido é do interior e todas as vezes que a gente está aqui fora, ele diz que não deveria ter muro para a gente ver quem passa. Com a horta, ele pode colocar uma cadeirinha na calçada, fingir que está tomando conta dela e olhar o movimento…
Quando eu coloquei os temperos no pneu aqui na frente, um monte de gente já parou, veio falar… Era uma coisa diferente. As pessoas nem entendiam direito o que era. A Marcela me ajudou e fez a marca. No começo não era nada, não era um projeto, era só uma coisa diferente. Quando eu fiz os tambores definitivos, eu ficava todos os finais de semana na rua, na calçada e acabei conhecendo um monte de gente e vizinhos da rua que não conhecia antes. As pessoas ficam mais abertas e receptivas, se empolgam com a história. Minha idéia é levar isso primeiro para os bairros em que não exista um senso de comunidade.
Primeiro a gente tem que incentivar as pessoas para que saiam de suas casas, que freqüentem as ruas, que se conheçam, E usar a cidade, para poder reclamar, elogiar, o que for. Eu lancei este projeto, pensando nas pessoas. A gente tem o nosso site e estamos fazendo uns vídeos, um canal no Youtube, para difundir a agricultura urbana e para as pessoas entenderem que elas fazem parte deste projeto e podem ajudar. Eu estou super animada. Não é fácil cuidar de plantas, mas também não é difícil.
Tem que ter dedicação, cuidado com a terra, com a rega, um olhar diferente. Mas é gostoso. É a essência das pessoas. Por isso que eu acho que foi uma coisa tão aceita pela rua. É comida. Plantar, cultivar é um carinho, é amor. Eu não sou bióloga, não sou agrônoma, mas nunca me senti tão segura como eu me sinto com as plantinhas. E você vai aumentando seu conhecimento sobre plantas através dos outros, através do que o outro fala. Eu adoro São Paulo, gosto da energia da cidade, mas já pensei várias vezes em sair e eu acredito que nesta história toda, de coisas ruins que estão acontecendo, é a chance que a gente tem de mudar. E com isto eu estou motivada de novo. Se eu desistir eu não vou influenciar outras pessoas que se inspiram na Aorta Comunitária. Eu sou muito privilegiada. Eu falaria para o Prefeito para a gente plantar na cidade inteira.
Gabriela Nalon Andreata está comprometida em espalhar a Aorta Comunitária por toda a cidade para que todos se conheçam e compartilhem dos temperos e hortaliças.
Gabriela: Site Aorta | Canal no Youtube
por Zé Mangini entrevista concedida em 03 de maio de 2016