Eles viviam um amor para fora. Apaixonaram-se publicamente e assim seguiram. A fase de namoro foi marcada por milhares de recadinhos nas redes sociais. O casamento mudou um pouco a dinâmica. Diariamente, embora acordassem juntos na mesma cama, enviavam-se mensagens de bom dia para que todos testemunhassem aquele amor. Durante o dia informavam um ao outro sobre suas atividades pessoais, sempre na presença de uma platéia de seguidores.
Fotos do casal eram postadas em vários momentos do dia a dia. Nos fins de semana um fotografava o outro, faziam selfies no Ibirapuera, na padaria, em passeios domingueiros na Paulista, encontros familiares, todas cuidadosamente coreografadas, com cenários bonitos e legendas amorosas. Como se o amor transbordasse da intimidade e só se completasse com a participação do mundo.
Com o tempo as fotos foram diminuindo, os bons dias foram cessando, as trocas de carinhos públicos foram rareando, as pessoas deixaram de comentar. A última foto postada por eles foi de um caminhão de mudança, registrada pela janela numa manhã chuvosa. Ela foi embora. Não havia ficado nada dentro depois que o de fora perdeu o encanto.